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quarta-feira, 3 de agosto de 2016

COMENTÁRIO EXPOSITIVO: TIAGO 1:13-18 - O JULGAMENTO DE DEUS

O JULGAMENTO DE DEUS

(Tiago 1:13-16)


Trata-se de uma abordagem negativa, mas importante. Tiago diz: "Olhem adiante e vejam a que o pecado leva: à morte!" Não se deve culpar Deus pelas tentações. Ele é santo demais para ser tentado e amoroso de* mais para tentar a outros. Deus nos prova, como fez com Abraão (Gn 22), mas jamais nos tenta. Nós é que transformamos ocasiões de prova em tentações.

A tentação é uma oportunidade de realizar algo bom de maneira errada, fora da vontade de Deus. É errado querer passar em uma prova? Claro que não; mas colar para passar na prova é pecado. A tentação de colar é uma oportunidade de fazer algo bom (passar em uma prova) de maneira errada. Não é errado comer, mas se para obter o alimento considera-se a possibilidade de roubar, trata-se de uma tentação.

Pensamos no pecado como um único ato, mas Deus o vê como um processo. Adão cometeu um ato de pecado, e, no entanto, esse único ato trouxe pecado, morte e julgamento sobre toda a raça humana. Tiago descreve o processo do pecado em quatro estágios.

Desejo (v. 14). A palavra cobiça pode se referir a qualquer tipo de desejo. Os desejos normais da vida foram dados por Deus e não são, em si mesmos, pecaminosos. Sem esses desejos, não se vive normalmente. Se a fome ou a sede não existissem, ninguém comeria nem beberia, e todos morreriam. Se não fosse pelo cansaço, o corpo nunca descansaria e acabaria se esgotando. O desejo sexuai é normal; sem ele, a raça humana não teria continuidade.

Quando procuramos satisfazer a esses desejos de maneiras fora da vontade de Deus, entramos em apuros. É normal comer, mas a gula é pecado. É normal dormir, mas a preguiça é pecado. "Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem mácula; porque Deus julgará os impuros e adúlteros" (Hb 13:4).

Algumas pessoas tentam tornar-se "espirituais" negando esses desejos normais ou procurando reprimi-los, mas isso só as leva a perder seu caráter humano. Esses desejos fundamentais da vida são o vapor na caldeira que impulsiona a máquina. Se o vapor é cortado, falta energia. Quando o vapor fica descontrolado, causa destruição. O segredo é o controle constante. Esses desejos devem ser nossos servos, não nossos mestres, e a única maneira de controlá-los é por meio de Jesus Cristo.

Engano (v. 14).
Nenhuma tentação afigura-se como tal; sempre parece mais atraente do que é de fato. Tiago usa duas ilustrações para provar sua argumentação. O verbo "atrair" é associado à ideia de colocar a isca em uma armadilha, enquanto, no original grego, "seduzir" significa "colocar a isca no anzol". O caçador e o pescador usam a isca para atrair sua presa. Nenhum animal entra deliberadamente em uma armadilha e nenhum peixe morde um anzol vazio de propósito. A ideia é esconder a armadilha e o anzol.

A tentação sempre tem uma isca que apela para os desejos naturais humanos. Não apenas nos atrai, como também esconde o fato de que a satisfação desse desejo resultará, mais cedo ou mais tarde, em grande tristeza e castigo. O que nos empolga é a isca. Ló não teria mudado para Sodoma, se não tivesse visto "a campina do Jordão, que era toda bem regada" (Gn 13:10ss). Ao olhar para a esposa de outro homem, Davi não teria cometido adultério, se tivesse antevisto as conseqüências trágicas de seu ato: a morte de um bebê (o filho de Bate-Seba), o assassinato de um soldado valente (Urias), o estupro de sua filha (Tamar). A isca nos impede de ver as conseqüências do pecado.

Quando Jesus foi tentando por Satanás, lidou com a tentação tomando por base a Palavra de Deus. Repetiu três vezes: "Está escrito". Transformar pedras em pão para saciar a fome pode ser algo sensato do ponto de vista humano, mas não o é do ponto de vista de Deus. Quando conhecemos a Bíblia, é possível perceber a isca e lidar com ela de modo radical. É isso o que significa andar pela fé, não segundo as aparências.

Desobediência (v. 15). Passamos das emoções (desejos) para o intelecto (engano) e agora, para a volição. Tiago muda a ilustração da caça e pesca para o nascimento de um bebê. O desejo concebe um método para pegar a isca. A volição aprova e entra em ação; e o resultado é o pecado. Quer sintamos isso quer não, caímos na armadilha ou somos fisgados. O bebê nasce e, quando cresce, tudo se complica!

A vida cristã é uma questão de volição, não de sentimentos. Ouço com freqüência cristãos dizerem: "não sinto desejo de ler a Bíblia" ou "não sinto vontade de participar das reuniões de oração". As crianças vivem em função de seus sentimentos, mas os adultos agem de acordo com a volição. Fazem algo porque sabem que é certo, a despeito do que estejam sentindo. Isso explica por que cristãos imaturos caem com freqüência em tentação: deixam que seus sentimentos tomem as decisões. Quanto mais a volição é exercitada e dizemos um "não" categórico para a tentação, mais Deus controlará nossa vida. "Porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade" (Fp 2:13).

Morte (v. 15). A desobediência dá à luz morte, não vida. Pode levar anos para o pecado crescer, mas quando atinge a maturidade, o resultado é morte. O fato de crer na Palavra de Deus e de enxergar a tragédia no fim da linha nos encoraja a não ceder à tentação. Deus ergueu essa barreira porque nos ama. "Acaso, tenho eu prazer na morte do perverso?" (Ez 18:23).

Esses quatro estágios da tentação podem ser vistos claramente em Gênesis 3, o primeiro pecado registrado na Bíblia.

A serpente usou o desejo para despertar o interesse de Eva: "Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal" (Gn 3:5). Existe algo de errado em desejar conhecimento ou em ingerir um alimento? Eva viu que "a árvore era boa para se comer" (Gn 3:6), e seu desejo foi estimulado.

Paulo descreve o engano de Eva em 2 Co- ríntios 11:3: "Mas receio que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também seja corrompida a vossa mente e se aparte da simplicidade e pureza devidas a Cristo". Satanás é o enganador e procura iludir a mente. A isca que ele usou com Eva foi o fato de a árvore proibida parecer boa e agradável, e a idéia de que, ao comer de seu fruto, Eva se tornaria sábia. A mulher viu a isca, mas se esqueceu da advertência de Deus: "Porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás" (Gn 2:17).

Eva desobedeceu a Deus pegando o fruto da árvore e comendo. Dividiu-o com seu marido, e ele também desobedeceu a Deus. Uma vez que não foi enganado, mas pecou deliberadamente, foi seu pecado que desgraçou a raça humana (ver Rm 5:12-21; 1 Tm 2:12-15).

Tanto Adão quanto Eva experimentaram de imediato a morte espiritual (separação de Deus) e, por fim, a morte física. Por causa de Adão, todos os seres humanos morrem (1 Co 15:21, 22). A pessoa que morrer sem Jesus Cristo experimentará a morte eterna (Ap 20:11-15).

Sempre que encaramos tentações, devemos parar de olhar para a isca e voltar nossos olhos para o futuro a fim de enxergar as conseqüências do pecado: o julgamento de Deus. "Porque o salário do pecado é a morte" (Rm 6:23).

Autoria: Warren W. Wiersbe
Livro: Comentário Bíblico expositivo Novo Testamento.

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