(Tiago 1:1)
Uma vez que o tema é maturidade espiritual, é bom começar examinando o próprio coração para ver em que pé estamos na vida cristã.
Em primeiro lugar, é essencial ter nascido de novo. Sem o nascimento espiritual não pode haver maturidade espiritual. Tiago cita o novo nascimento logo no início da carta:
"Pois, segundo o seu querer, ele nos gerou pela palavra da verdade" (Tg 1:18). Encontramos um paralelo em 1 Pedro 1:23: "Pois fostes regenerados não de semente corruptível, mas de incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente".
Como um bebê humano, o bebê espiritual também tem um pai e uma mãe - o Espírito de Deus e a Palavra de Deus. Citamos anteriormente dois versículos que mencionam a Palavra de Deus. João 3:5, 6 cita o Espírito de Deus. (É minha convicção particular que, nessa passagem, "nascer da água" refere-se ao nascimento físico. Todos os bebês são "nascidos da água". Nicodemos pensou em termos físicos em Jo 3:5.)
De que maneira, então, uma pessoa pode "nascer de novo"? O Espírito de Deus usa a Palavra de Deus para gerar nova vida dentro do coração do pecador que crê em Jesus Cristo. É um milagre. O Espírito usa a Palavra a fim de convencer o pecador de sua culpa para, em seguida, lhe revelar o Salvador. Somos salvos pela fé (Ef 2:8, 9), e a fé vem pela Palavra de Deus (Rm 10:17).
Tendo nascido de novo, há um segundo elemento essencial para aproveitar ao máximo o que Tiago escreveu: examinar com honestidade nossa vida à luz da Palavra de Deus. Tiago compara a Bíblia com um espelho (Tg 1:22ss). Ao estudar a Palavra, olhamos para o espelho divino e vemos como somos de fato. Mas Tiago adverte que é preciso ser honestos quanto ao que vemos, não apenas olhar a imagem de relance e dar as costas para ela.
Conta-se de um homem que vivia longe da civilização e, um dia, se olhou no espelho pela primeira vez. Ficou tão chocado com o que viu que quebrou o espelho! Muitos cristãos cometem o mesmo erro: criticam o pregador ou a lição, quando, na verdade, precisam avaliar a si mesmos.
Isso leva ao terceiro elemento essencial: é preciso obedecer, a qualquer custo, ao que Deus ensina e ser "praticantes da palavra e não somente ouvintes" (Tg 1:22). É fácil participar de um estudo bíblico e discutir o que está sendo ensinado, mas é extremamente difícil aplicar à vida diária no mundo o que aprendemos. Não somos abençoados pelo estudo da Palavra, mas sim pela prática da Palavra. A menos que estejamos dispostos a obedecer, o Senhor não tem obrigação alguma de nos ensinar (Jo 7:17).
O quarto elemento essencial é estar preparados para algumas provações adicionais. Sempre que passamos por um momento de crescimento espiritual mais pronunciado, o inimigo multiplica seus esforços para se opor a nós. Pode acontecer de notarmos, por exemplo, que precisamos de mais paciência. Portanto, é bom estar prontos para mais tribulações, "sabendo que a tribulação produz a paciência " (Rm 5:3, rc). O verdadeiro estudo mais profundo da Palavra dá-se na escola da vida, não na sala de aula.
Li há pouco tempo sobre um homem que sentia a necessidade de desenvolver mais paciência. Sabia que era imaturo nessa área de sua vida e desejava crescer. Orou pedindo sinceramente: "Senhor, ajuda-me a ter mais paciência. Desejo ter mais domínio próprio nessa área da minha vida". Naquela manhã, perdeu o trem para o trabalho e
passou os cinqüenta minutos seguintes andando de um lado para o outro na plataforma se queixando de sua situação. Quando o próximo trem para a cidade chegou, o homem se deu conta de como havia sido tolo. "O Senhor me deu quase uma hora para desenvolver minha paciência e só o que fiz foi treinar minha impaciência!", disse para si mesmo.
Talvez, em algum momento deste estudo, pareça perigoso demais prosseguir. Satanás pode fazer a temperatura subir e tornar as coisas tão difíceis que nosso único desejo será recuar. Mas não faça isso! Quando esse momento chegar, estaremos à beira de uma bênção nova e maravilhosa para nossa vida, preste a dar um passo inédito e empolgante de maturidade. Mesmo que Satanás aumente a temperatura, o Pai celestial está sempre controlando o termostato com sua mão poderosa!
Até mesmo o desenvolvimento da maturidade física, por vezes, não é uma experiência fácil e agradável. O adolescente que atravessa a ponte complicada entre a infância e a idade adulta enfrenta frustrações e fracassos; mas se continuar avançando (e crescendo), acabará ingressando em uma vida maravilhosa de maturidade. Ao contrário do
crescimento físico, o crescimento cristão não é automático. A maturidade cristã é algo em que devemos trabalhar constantemente. Portanto, não dá para desistir! Assim como trabalho de parto antecede o nascimento, o trabalho árduo conduz à maturidade (Gl 4:19).
Por fim, o crescimento espiritual deve ser medido de acordo com as Escrituras. Não se deve usar como parâmetro a vida de outros cristãos, mas sim a Palavra de Deus e o Filho de Deus (Ef 4:13). No final do comentário sobre a Epístola de Tiago, apresentamos uma lista de questões sobre essa carta que podem ajudar na realização de uma avaliação pessoal. Fique à vontade para usar essas perguntas em qualquer ponto do estudo, pois essa introspecção é benéfica para a saúde espiritual. Nem todos os que crescem em estatura crescem em maturidade. Também há uma diferença entre crescer e amadurecer. Só porque um cristão é salvo há quinze ou vinte anos, isso não é garantia de que tal indivíduo possua maturidade no Senhor. Cristãos maduros são cristãos felizes e úteis, que ajudam a encorajar outros e a edificar sua congregação. Com a ajuda de Deus, ao estudar juntos a Epístola de Tiago, aprenderemos e cresceremos em maturidade.
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