(Tiago 1:4,9-12)
Deus não edifica nosso caráter sem nossa cooperação. Se resistirmos, vai nos disciplinar até nos rendermos. Mas se nos sujeitarmos, ele realiza sua obra. Deus não se contenta com um trabalho inacabado; quer realizar uma obra perfeita e deseja que o produto final seja maduro e completo.
O objetivo de Deus para nossa vida é a maturidade. Seria trágico se nossos filhos permanecessem bebês pelo resto da vida. Gostamos de vê-los amadurecer, mesmo quando a maturidade traz consigo certos perigos. Muitos cristãos guardam-se das tribulações da vida e, como resultado, nunca crescem. Deus deseja que seus "filhos pequenos" transformem-se em "jovens" e que estes se tornem "pais" (1 Jo 2:12-14).
Paulo resume três obras envolvidas em uma vida cristã completa (Ef 2:8-10). Em primeiro lugar, a obra que Deus realiza por nós: a salvação. Jesus Cristo completou essa obra na cruz. Se crermos nele, ele nos salvará. Em segundo lugar, a obra que Deus realiza em nós: "somos feitura dele". Essa obra é conhecida como santificação: Deus constrói nosso caráter para que nos tornemos cada vez mais semelhantes a Jesus Cristo, "conformes à imagem de seu Filho" (Rm 8:29). A terceira obra é aquela que Deus realiza por meio de nós: o serviço. Fomos "criados em Cristo Jesus para boas obras".
Primeiro, Deus constrói o caráter; depois, pode chamar para o serviço. O Senhor precisa operar em nós antes de poder operar por meio de nós. Deus passou vinte e cinco anos trabalhando na vida de Abraão antes de lhe dar o filho prometido. Trabalhou trinta anos na vida de José, fazendo-o passar por "várias provações", antes de colocá-lo no trono do Egito. Passou oitenta anos preparando Moisés para quarenta anos de serviço. Cristo levou três anos para treinar seus discípulos e construir o caráter deles.
Mas Deus não opera em nós sem nosso consentimento. Devemos ter uma volição submissa. A pessoa madura não discute com a vontade de Deus; antes, a aceita de bom grado e obedece a ela com alegria: "Fazendo, de coração, a vontade de Deus" (Ef 6:6). Quem tentar passar pelas tribulações sem sujeitar sua volição a Deus ficará mais parecido com uma criança imatura do que com um adulto maduro.
Jonas é um exemplo dessa verdade. Deus ordenou-lhe que pregasse aos gentios de Nínive, mas ele se recusou. Deus teve de disciplinar Jonas antes de o profeta aceitar sua comissão. Mas Jonas não obedeceu ao Senhor de coração e não cresceu com essa experiência. Sabemos disso porque o último capítulo do Livro de Jonas mostra o profeta agindo como uma criança mimada! Está amuado, sentado do lado de fora da cidade esperando que Deus envie seu julgamento. Fica impaciente com o sol, com o vento, com a planta, com o verme e com Deus.
Um estágio difícil do processo de amadurecimento é o desmame. A criança que está sendo desmamada tem certeza de que não é mais querida pela mãe e de que tudo está contra ela. Na verdade, o desmame é um passo rumo à maturidade e à liberdade. É algo bom para a criança! Por vezes, Deus tem de "desmamar" seus filhos de seus brinquedos infantis e de atitudes imaturas. Davi retrata isso no Salmo 131:2: "Pelo contrário, fiz calar e sossegar a minha alma; como a criança desmamada se aquieta nos braços de sua mãe, como essa criança é a minha alma para comigo". Deus usa as tribulações para que nos desapeguemos de coisas infantis, mas se não nos sujeitarmos a sua vontade, nos tornaremos ainda mais imaturos.
Em Tiago 1:9-11, Tiago aplica esse princípio a dois tipos de cristãos: os pobres e os ricos. Ao que parece, o dinheiro e a posição social eram problemas reais no meio dessas pessoas (ver Tg 2:1-7, 15, 16; 4:1-3, 13-1 7; 5:1 -8). As provações de Deus têm uma ação niveladora. Quando as provações sobrevêm ao pobre, e deixa que Deus faça sua vontade e se regozija em possuir riquezas espirituais que não lhe podem ser tiradas. Quando as provações sobrevêm ao rico, ele também deixa que Deus faça sua vontade e se regozija de que suas riquezas em Cristo são imarcescíveis e permanentes. Em outras palavras, não são os recursos materiais que sustentam os indivíduos durante as provações da vida, mas sim os recursos espirituais.
Vimos até aqui três verbos de Tiago: considerar - uma atitude alegre; saber - uma mente esclarecida; e deixar - uma volição submissa. A seguir, ele apresenta o quarto verbo.
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