(Tiago 1:2)
A perspectiva determina os resultados, e a atitude define as ações. Deus diz para esperar provações. A questão não é se vamos passar por várias provações, mas sim quando isso vai acontecer. O convertido que esperar uma vida cristã fácil terá uma grande decepção. Jesus avisou seus discípulos: "No mundo, passais por aflições" (Jo 16:33) e Paulo disse a seus convertidos: "Através de muitas tribulações, nos importa entrar no reino de Deus" (At 14:22).
Uma vez que somos o "povo disperso" e não o "povo incólume" que Deus escolheu, devemos sofrer tribulações. Não podemos esperar que tudo aconteça do modo que desejamos. Algumas tribulações sobrevêm pelo simples fato de sermos humanos - enfermidades, acidentes, decepções e até aparentes tragédias. Outras são resultantes do fato de sermos cristãos. Pedro enfatiza isso em sua primeira epístola: "Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo" (1 Pe 4:12). Satanás luta contra nós, e o mundo opõe-se a nós, tomando a vida uma batalha.
O verbo "passar" significa "encontrar, se deparar com". Por certo, o cristão não deve criar tribulações. O termo traduzido por "várias" significa "variegado, multicor". Pedro usa a mesma palavra em 1 Pedro 1:6: "contristados por várias provações". As tribulações da vida não são todas iguais; antes, são como fios multicoloridos que o tecelão usa para formar uma linda tapeçaria. Deus harmoniza e mistura as cores e experiências da vida. O produto final é algo belo e que glorifica a Deus.
Certa vez, minha esposa e eu visitamos um tecelão famoso e pudemos ver seus colegas artesãos trabalhando nos teares. Notei que o avesso das tapeçarias não era muito bonito: os desenhos eram quase indistintos e havia uma porção de fios soltos.
- Não julgue o artesão nem sua obra pelo lado avesso - disse nosso guia.
Ao olhar para a vida, temos a mesma impressão, pois a estamos vendo pelo avesso; somente Deus vê o desenho acabado. Não se deve julgar o Senhor nem sua obra pelo que vemos hoje. Seu trabalho ainda não está completo!
A expressão mais importante deste versículo é "tende por motivo". O termo usado no original pode ser traduzido por considerar. É um termo financeiro que significa "avaliar, contar". Paulo o emprega várias vezes em Filipenses 3. Quando o apóstolo converteu-se à fé cristã, reavaliou a vida e estabeleceu novos objetivos e prioridades.
Coisas que antes eram importantes para ele tornaram-se "como refugo" diante da sua experiência com Cristo. Quando enfrentamos as provações da vida, devemos avaliá-las à luz do que Deus está fazendo por nós.
Isso explica por que o cristão consagrado pode ter alegria em meio às tribulações: e/e v/ve em função das coisas mais importantes. Até mesmo Jesus foi capaz de suportar a cruz "em troca da alegria que lhe estava proposta" (Hb 12:2), a alegria de voltar para o céu e, um dia, compartilhar sua glória com a Igreja.
Os valores definem as avaliações. Quem valoriza o conforto mais do que o caráter considera as tribulações perturbadoras. Quem valoriza as coisas materiais e físicas mais do que as espirituais não pode "[ter] por motivo de toda alegria o [passar] por várias provações". Viver apenas em função do presente, sem pensar no futuro, fará com que as tribulações nos tornem amargurados, não aperfeiçoados. Jó demonstrou que possuía uma perspectiva correta quando disse: "Mas ele sabe o meu caminho; se ele me provasse, sairia eu como o ouro" (Jó 23:10).
Assim, quando sobrevêm as tribulações, devemos mais que depressa dar graças ao Senhor e adotar uma atitude alegre. Não se trata de fingimento nem de auto-hipnose, mas apenas de ver as provações com os olhos da fé. A perspectiva determina os resultados; a fim de terminar alegre, é preciso começar alegre.
Talvez nos perguntemos de que maneira é possível alegrar-se em meio às tribulações. O segundo imperativo explica.
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