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sábado, 18 de junho de 2016

COMENTÁRIO EXPOSITIVO: ROMANOS 3:21-31 - A JUSTIFICAÇÃO É EXPLICADA

A JUSTIFICAÇÃO É EXPLICADA

(Romanos 3:21-31)


"Mas agora, a justiça de Deus [...] foi manifestada" (Rm 3:21, tradução literal). Deus revelou sua justiça de várias maneiras antes da revelação plena do evangelho: por meio de sua Lei, de seus julgamentos contra o pecado, de seus apelos por meio dos profetas, de sua bênção sobre os obedientes. O evangelho, porém, revela um novo tipo de justificação (Rm 1:16, 17), cujas características são descritas nesta seção.

Sem a Lei (v. 21). Debaixo da Lei do Antigo Testamento, a justificação dava-se quando o homem se comportava bem; mas, sob o evangelho, a justificação se dá quando o homem crê. A Lei em si revela a justiça de Deus, pois "a lei é santa; e o mandamento, santo, e justo, e bom" (Rm 7:12). Além disso, a Lei dava testemunho dessa justificação do evangelho, apesar de ela própria não ter poder para justificar. Começando em Gênesis 3:15 e continuando ao longo de todo o Antigo Testamento, vemos o testemunho da salvação pela fé em Jesus Cristo. Os sacrifícios, as profecias e os tipos do Antigo Testamento, bem como as principais "Escrituras do evangelho" (como Is 53), davam testemunho dessa verdade. A Lei podia afirmar a justiça de Deus, mas não podia oferecê-la ao homem pecador, pois somente Jesus Cristo pode fazer isso (ver Gl 2:21).

Mediante a fé em Cristo (v. 22a).
O valor da fé consiste no valor de seu objeto. Todos os seres humanos crêem em alguma coisa, mesmo que seja apenas em si mesmos; o cristão, porém, crê em Jesus Cristo. A justiça da Lei é uma recompensa por obras realizadas. A justiça do evangelho é uma dádiva concedida por meio da fé. Muita gente diz: "Eu acredito em Deus!", mas não é isso o que nos salva. O que salva e justifica o pecador é a fé pessoal e individual em Jesus Cristo. Até mesmo os demônios no inferno creem em Deus e estremecem, no entanto isso não os salva (Tg 2:19).

Para todos (w. 22b, 23). Deus deu sua Lei aos judeus e não aos gentios; mas as boas novas da salvação por meio de Cristo são para todos, pois todos precisam ser salvos. Em se tratando de condenação, não há diferença alguma entre judeus e gentios. "Todos pecaram e estão aquém da glória de Deus" (Rm 3:23, tradução literal). Deus declarou todos os homens culpados para que pudesse oferecer a todos o dom gratuito da salvação.

Pela graça (v. 24). Deus possui dois tipos de atributos: absolutos (o que ele é, em si mesmo) e relativos (a maneira como se relaciona com o mundo e os seres humanos). Um de seus atributos absolutos é o amor: "Deus é amor" (1 Jo 4:8). Quando Deus relaciona tal amor a nós, esse atributo transforma-se em graça e misericórdia. Em sua misericórdia, Deus não nos dá o que merecemos e, em sua graça, ele nos dá o que não merecemos. O mesmo termo grego traduzido aqui por "gratuitamente" é traduzido por "sem motivo" em João 15:25: Somos justificados sem motivo! Não há coisa alguma em nós que nos torne merecedores da salvação de Deus. É tudo obra de sua graça!

A um alto preço para Deus (w. 24b, 25). A salvação é gratuita, mas não é barata. Há três palavras que expressam o preço que Deus pagou por nossa salvação: propiciação, redenção e sangue. Em termos humanos, "propiciar" significa, nesse caso, apaziguar alguém que está irado, normalmente através de um presente. Mas seu significado na Bíblia é outro. A "propiciação" refere-se ao cumprimento da santa Lei de Deus, a satisfação de todos os seus requisitos justos, para que Deus perdoe gratuitamente os que crerem em Cristo. O termo "sangue" nos diz qual foi o preço. Jesus teve de morrer na cruz a fim de cumprir a Lei e de justificar os pecadores.

A melhor ilustração dessa verdade é a celebração judaica do Dia da Expiação, descrita em Levítico 16. Nessa ocasião, dois bodes eram apresentados no altar, e um deles era escolhido como sacrifício. O bode era abatido, e seu sangue era levado para o Santo dos Santos e aspergido sobre o propiciatório - a cobertura de ouro da arca da aliança. O sangue aspergido sobre a arca cobria simbolicamente as duas tábuas da Lei dentro da arca. O sangue derramado satisfazia (temporariamente) os requisitos justos do Deus santo.

Em seguida, o sacerdote colocava as mãos sobre a cabeça do outro bode e confessava os pecados do povo. Então, o bode era solto no deserto, onde, simbolicamente, levava para longe os pecados do povo. "Quanto dista o Oriente do Ocidente, assim afasta de nós as nossas transgressões" (S! 103:12). No tempo do Antigo Testamento, o sangue dos animais não tinha o poder de remover o pecado; podia apenas cobri-lo até que Jesus viesse e pagasse o preço para obter a salvação consumada. Deus "deixava passar" os pecados cometidos anteriormente (Rm 3:25, tradução literal), sabendo que seu Filho viria para consumar a obra. Pela morte e ressurreição de Cristo, haveria "redenção" - a compra do pecador e sua libertação.

G. Campbell Morgan tentava explicar a "salvação gratuita" a um trabalhador em uma mina de carvão, mas o homem não conseguia entender. "Mas eu preciso pagar pela salvação", insistia o homem. Então, num insight divino, Morgan perguntou: "Como você desceu até o fundo da mina hoje cedo?" "Foi fácil", respondeu o homem. "Peguei o elevador e desci."

Então Morgan lhe perguntou: "Não foi fácil demais? Não lhe custou alguma coisa?" O homem riu e comentou: "Para mim não custou nada, mas a empresa deve ter pago um dinheirão para instalar o elevador". Então, ele entendeu: "Para mim a salvação não custa coisa alguma; para Deus, custou a vida de seu Filho".

Em perfeita justiça (w. 25a, 26). Deus deve ser perfeitamente coerente consigo mesmo. Não pode transgredir a própria Lei nem contrariar a própria natureza. "Deus é amor" (1 Jo 4:8), e "Deus é luz" (1 Jo 1:5). Um Deus de amor deseja perdoar os pecadores, mas um Deus de santidade deve punir o pecado e preservar sua Lei justa. De que maneira Deus pode ser, ao mesmo tempo, "justo e o justificador"? A resposta encontra-se em Jesus Cristo. Quando jesus estava na cruz e sofreu a ira de Deus pelos pecados do mundo, preencheu completamente todos os requisitos da Lei de Deus e expressou plenamente o amor do coração de Deus. Os sacrifícios de animais no Antigo Testamento não removiam o pecado; mas, quando Jesus morreu, sua obra consumada alcançou até Adão e tratou desses pecados. Ninguém (inclusive Satanás) poderia acusar Deus de injusto ou de desonesto por haver, aparentemente, deixado passar os pecados do tempo do Antigo Testamento.

Para confirmar a Lei (w. 27-31).
Uma vez que alguns de seus leitores eram judeus, Paulo desejava detalhar a relação entre o evangelho e a Lei. A doutrina da justificação pela fé não é contrária à Lei, pois confirma a Lei. Ao concretizar o plano da salvação, Deus obedeceu à própria Lei. Com sua vida e morte, Jesus cumpriu inteiramente os requisitos da Lei. Deus não tem dois caminhos que conduzem à salvação, uma para os judeus e outro para os gentios; pois ele é Deus. É coerente com a própria natureza e com a própria Lei. Se a salvação fosse pela Lei, os homens teriam motivo para se vangloriar; mas o princípio da salvação pela fé torna impossível qualquer vanglória da parte dos homens. Quando o nadador é salvo de um afogamento, não se vangloria de ter confiado no salva- vidas. O que mais poderia ter feito? Quando um pecador crê e é justificado pela fé, não pode se gabar de sua fé, mas pode gloriar-se em seu Salvador maravilhoso.

Em Romanos 4-8, Paulo explica de que maneira o grande plano da salvação oferecida por Deus era perfeitamente coerente com as Escrituras do Antigo Testamento. Começa sua explanação com Abraão, o pai do povo de Israel.


Autoria: Warren W. Wiersbe
Livro: Comentário Bíblico expositivo Novo Testamento.

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