INTRODUÇÃO: O lar e a igreja são parte de um todo, por isso, o culto doméstico, como extensão do culto no templo, deve ser uma prática constante. Na aula de hoje trataremos a respeito do valor do culto doméstico, mas antes, mostraremos sua base bíblica, e ao final, apresentaremos algumas orientações prática para a realização do culto no lar. Esperamos que através dessa aula as famílias cristãs sejam despertadas para a necessidade e a urgência do culto doméstico.
1. CULTO DOMÉSTICO, A BASE BÍBLICA: A família precisa ter oportunidade de cultuar a Deus não apenas no templo, mas também em casa, no ambiente do lar cristão. O fundamento bíblico para o culto doméstico se encontra em Dt.11, mais especificamente no versículo 19, no qual está escrito: “E ensinai-as a vossos filhos, falando delas assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te”. A influência dos pais, na formação espiritual dos filhos, é atestada por Josué, ao declarar: “Mas se vos parece mal servirdes ao Senhor, escolhei hoje a quem haveis de servir; se aos deuses a quem serviram os vossos pais, que estavam além do Rio, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais. Porém, eu e a minha casa serviremos ao Senhor” (Js. 24.15). A palavra servir, em hebraico, é abad, e significa trabalhar, atuar, dando ideia que os pais devam se esforçar para repassar para os filhos os valores divinos. O próprio Abraão foi escolhido pelo Senhor “a fim de que ele ordene a seus filhos e a sua casa depois dele, para que guardem o caminho do Senhor” (Gn. 18.19). O verbo guardar, em hebraico, é shamar, com o sentido de “dar atenção”, mostrando, assim, que o ensinamento é fundamental no processo de formação da visão cristã dos filhos. Em consonância com esse princípio, em Dt. 6.6,7, o povo de Deus recebe a seguinte instrução: “E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; e as ensinarás a teus filhos, e delas falarás sentado em tua casa e andando pelo caminho, ao deitar-te e ao levantar-te”. No Novo Testamento, Paulo instruiu aos pais, para que esses, criem seus filhos na disciplina e admoestação do Senhor” (Ef. 6.4). Disciplina, em grego, é paideia, que tem a ver com tutoria, ou instrução. Isso quer dizer que os pais precisam educar, e se for o caso, corrigir seus filhos para que esse aprendam a temer, e sobretudo, amar a Deus. A palavra admoestação, em grego, é nouthesia, que reforça a necessidade de adverti-los mediante a Palavra de Deus, para que eles vivem de acordo com as orientações do Senhor. Timóteo, o jovem pastor, é um exemplo de uma criança que foi instruída, desde a tenra idade, nas Sagradas Letras, que o fizeram sábio para a salvação (II Tm. 3.15), tal ensinamento partiu da sua avó, Loide, e da sua mãe, Eunice (II Tm. 1.2-5).
2. A IMPORTÂNCIA DO CULTO DOMÉSTICO: O culto doméstico tem grande valor, o principal deles é a comunhão que proporciona no lar, na medida em que os membros da família se unem para adorar a Deus. A família moderna está sendo solapada pela inversão de valores, dentre eles o isolamento. Pais e filhos já não conseguem mais se relacionar, cada um se isola em seu espaço, seja ele físico ou virtual. Por isso é urgente que pais e filhos passem a ter momentos juntos na presença de Deus, a fim de lerem a Bíblia, orarem e cantarem hinos de louvor. Outro valor do culto doméstico é que esse deixa marcas indeléveis para toda vida dos filhos. Como está escrito em Pv. 22.6, quando o filho é ensinado na Palavra, é menos provável que esse venha a se desviar quando adulto. E, se isso vier a acontecer, ele carregará, por toda vida, as instruções que recebeu na infância. Esse é também um momento de partilha, não apenas de problemas, mas também de conquistas, e uma oportunidade singular para tirar dúvidas. O culto doméstico tem um papel fundamental no contexto familiar a fim de espiritualizar as relações. Não podemos esquecer que vivemos em uma época marcada pelo secularismo. A programação televisiva, e até mesmo as escolas, estão pautadas em valores contrários à Palavra de Deus. Através da realização do culto domestico, pais e filhos podem dialogar a respeito dos valores do Reino. Nesse momento todos param suas atividades para ficarem juntos, somente esse motivo já é suficiente, tendo em vista que as pessoas não conseguem mais se relacionarem, nem mesmo dentro do mesmo ambiente físico. A tecnologia está roubando o tempo das famílias, é muito tempo dedicado à televisão e à internet, e quase nada à meditação na Palavra de Deus. Os momentos de adoração, no culto doméstico, favorecem um clima de piedade no lar. Os poucos minutos destinados ao culto doméstico contribuíram para que a família, não apenas dentro, mas também fora do lar, possam ter atitudes mais piedosas (I Tm. 4.7).
3. ORIENTAÇÕES PARA O CULTO DOMESTICO: O culto doméstico não precisa ser demorado, na verdade, é bom que tenha curta duração, não mais que meia hora. É preciso considerar que vivemos em meio a uma sociedade agitada, as pessoas estão assoberbadas de tarefas, inclusive os filhos. Por isso, é melhor fazer um culto doméstico com a duração de 10 minutos diários do que fazer uma vez apenas com uma hora de duração. O horário deve ser apropriado à participação de todos, a fim de que, na maioria das vezes, os membros da família estejam presentes. Se não tiver como realizar o culto doméstico todos os dias, todo o esforço deve ser empreendido para que esse seja feito pelo menos uma vez por semana. A escolha do(s) hino(s) que ser(ão) cantado(s) é fundamental, é importante que seja do agrado de todos, principalmente das crianças. A leitura da Bíblia também deve ser bem pensada, é importante que seja um texto curto, de fácil compreensão, e que tenham caráter tanto instrutivo quanto devocional. A alternância na leitura é um aspecto importante, respeitando inclusive as diferentes versões que são utilizadas. Dependendo mesmo da faixa etária dos filhos, pode ser necessário a utilização de uma versão mais simples, com uma linguagem mais contemporânea. Comentários rápidos poderão ser acrescentados ao texto, evidentemente os pais poderão dar início à exposição, mas é produtivo ouvir o que os filhos têm a dizer a respeito do texto. A oração é um elemento essencial no culto doméstico, cada membro da família deve ter a oportunidade para fazer seu pedido. Nenhum pedido de oração deve ser motivo de reprovação. O respeito pelas necessidades individuais é condição necessária para o êxito no culto doméstico. Essa é uma oportunidade para aprender a colocar os mais simples problemas na presença do Senhor. É importante também que os membros da família se alternem na oração, que todos tenham a oportunidade de elevar sua voz a Deus, através de uma oração simples, sem palavras muito difíceis, sobretudo com sinceridade de coração.
CONCLUSÃO
O culto doméstico está sendo esquecido em muitos lares cristãos. Por causa da correria desses dias, muitos já não mais têm tempo para reunir a família para cultuar a Deus. É importante que pais e mães sejam despertados para a realização do culto doméstico, mesmo que esse tenha curta duração, pelo menos uma vez com semana. Que essa seja uma oportunidade para crescer no temor, sobretudo no amor ao Senhor. O culto doméstico não precisa ser um espaço apenas de repreensão, mas também de edificação, de alegria na presença de Deus (Mt. 19,20).
BIBLIOGRAFIA: MARCELLINO, J. Redescobrindo o tesouro perdido do culto familiar. São José dos Campos: Fiel, 2004.
MERKH, D. 1001 ideias criativas para o culto doméstico. São Paulo: Voxlitteris, 2003.
Autoria: Prof. José Roberto A. Barbosa.
Site: EstudosGospel.Com.BR
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