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sexta-feira, 17 de junho de 2016

COMENTÁRIO EXPOSITIVO: ROMANOS 2:1-3:8 - O MUNDO JUDEU É CULPADO

O MUNDO JUDEU É CULPADO

(Romanos 2:1 - 3:8)


A quem Paulo se refere em Romanos 2:1-16? Os estudiosos não apresentam um consenso. Alguns acreditam que suas palavras são dirigidas ao pagão virtuoso que não cometeu os pecados citados em Romanos 1:18-32, mas que procurou viver de modo digno. Minha impressão, porém, é que nessa seção Paulo dirige-se aos líderes judeus. Em primeiro lugar, a argumentação sobre a Lei em Romanos 2:12-16 é muito mais relevante para um judeu do que para um gentio. Além disso, em Romanos 2:1 7, o apóstolo refere-se, claramente, a seu leitor como "judeu". Tal designação seria estranha se, na primeira metade do capítulo, estivesse se dirigindo a gentios.

Não era uma tarefa simples demonstrar que os judeus eram culpados, pois a desobediência a Deus era justamente o pecado que se recusavam confessar. Os profetas do Antigo Testamento foram perseguidos por acusar Israel de pecar, e Jesus foi crucificado pelo mesmo motivo. Paulo convocou quatro testemunhas para provar a culpa do povo judeu.

Os gentios (vv. 1-3). Sem dúvida, os judeus aprovaram quando Paulo condenou os gentios em Romanos 1:18-32: Na verdade, o orgulho nacional e religioso judeu os incentivava a desprezar os "cães gentios" e a se manter inteiramente afastados deles. Paulo usa essa atitude julgadora para provar a culpa dos judeus; pois estavam praticando exatamente aquilo que condenavam nos gentios! Pensavam que, por serem o povo escolhido de Deus, estavam livres do julgamento. Mas Paulo afirmou que o fato de Deus ter eleito os judeus aumentava sua responsabilidade e a necessidade de prestarem contas de seus atos.

Deus julga de acordo com a verdade. Não há um parâmetro para os judeus e outro para os gentios. Qualquer um que ler a lista de pecados em Romanos 1:29-32 não pode escapar do fato de que toda pessoa é culpada de pelo menos uma dessas transgressões. Há pecados "tanto da carne como do espírito" (2 Co 7:1); há "filhos pródigos" e "filhos mais velhos" (ver Lc 1 5:11-32). Ao condenar os gentios por seus pecados, na verdade os judeus condenavam a si mesmos. Nas palavras do velho ditado: "Enquanto apontamos o dedo para alguém, outros três dedos apontam para nós".

A bênção de Deus (vv. 4-11). Para os judeus, as bênçãos que recebiam de Deus não representavam um tratamento especial, mas sim maior responsabilidade de obedecer e de glorificar ao Senhor. Em sua bondade, Deus dera a Israel grandes riquezas materiais e espirituais: uma terra magnífica, uma Lei justa, um templo e sacerdócio, o cuidado providencial de Deus e muitas outras bênçãos. Deus havia suportado com paciência os muitos pecados e rebeliões de Israel e lhes enviara seu Filho, o Messias. Mesmo depois de Israel crucificar Cristo, Deus concedeu à nação quase mais quarenta anos de graça e reteve seu julgamento. Não é o julgamento de Deus que conduz os homens ao arrependimento, mas sim sua bondade. Ainda assim, Israel não se arrependeu.

Em Romanos 2:6-11, Paulo não ensina a salvação pelo caráter ou pelas boas ações. Antes, explica outro princípio fundamental do julgamento divino: da mesma forma que Deus julga de acordo com a verdade, também julga de acordo com as ações. Nessa passagem, Paulo trata dos atos coerentes na vida de uma pessoa, do impacto total de seu caráter e conduta. Davi, por exemplo, cometeu pecados terríveis; mas, a tónica geral de sua vida foi a obediência a Deus. Judas confessou seu pecado e forneceu o dinheiro para a construção de um cemitério para estrangeiros; mas, a tónica geral de sua vida foi a desobediência e a incredulidade.

A verdadeira fé salvadora redunda em obediência e em uma vida piedosa, apesar dos fracassos ocasionais. Quando Deus pesou as obras dos judeus, constatou que eram tão perversos quanto os gentios. O fato de os judeus celebrarem alguma festa religiosa de tempos em tempos ou mesmo de guardarem o shabbath regularmente não mudava a realidade de que, em sua vida diária, eram desobedientes a Deus. As bênçãos de Deus não os levaram ao arrependimento.

A Lei de Deus (w. 12-24). A declaração de Paulo em Romanos 2:11: "Porque para com Deus não há acepção de pessoas" era uma ofensa aos judeus, pois estes se consideravam dignos de um tratamento especial, uma vez que eram os escolhidos de Deus. No entanto, Paulo explicou que a Lei judaica tornava a culpa de Israel muito maior! Deus não deu a Lei aos gentios, de modo que não seriam julgados de acordo com a Lei. Na verdade, os gentios possuíam "a norma da lei gravada no seu coração" (Rm 2:1 5). Não importa aonde vamos, sempre encontramos gente com percepção de certo ou errado, dotadas de um juiz interior que a Bíblia chama de "consciência". Em todas as culturas, encontramos o senso de pecado, o medo do julgamento e uma tentativa de expiar erros pelas transgressões e de apaziguar os deuses temidos.

Os judeus vangloriavam-se da Lei. Eram diferentes de seus vizinhos pagãos que adoravam ídolos! Mas Paulo deixa claro que o mais importante não era possuir a Lei, mas sim praticar a Lei. Os judeus consideravam os gentios cegos, perdidos, insensatos, imaturos e ignorantes! Mas se Deus considerava culpados os gentios "destituídos", os judeus "privilegiados" eram mais culpados ainda! Deus não apenas julga os homens de acordo com a verdade (Rm 2:2), e "segundo o seu procedimento" (Rm 2:6), como também julga "os segredos dos homens" (Rm 2:16). Ele vê o que está no coração.

O povo judeu possuía uma religião de rituais exteriores, não de atitudes interiores. Por fora, mantinham uma aparência virtuosa, mas e quanto ao coração? A acusação de Jesus contra os fariseus, em Mateus 23, ilustra esse princípio com perfeição. Deus não apenas vê os atos, mas também vê "os pensamentos e propósitos do coração" (Hb 4:12). Era possível um judeu ser culpado de roubo, adultério e idolatria (Rm 2:21, 22), mesmo que ninguém visse qualquer manifestação exterior desses crimes. No sermão do monte, Jesus diz que tais pecados podem ser cometidos no coração.

Em vez de glorificar a Deus no meio dos gentios, os judeus o infamavam, e, para provar esse fato, Paulo cita Isaías 52:5. Os gentios pagãos tinham contato diário com os judeus em suas transações comerciais e em outras atividades e não se deixavam enganar pela devoção dos judeus à Lei. A mesma Lei que os judeus afirmavam obedecer também os acusava!

Circuncisão (w. 25-29).
Essa era a grande marca da aliança e uma prática que iniciou com Abraão, pai do povo judeu (Gn 1 7). Para os judeus, os gentios eram "cães incircuncisos". O mais triste é que os judeus fiavam-se na marca física, em vez de depositarem sua fé na realidade espiritual que esse sinal representava (Dt 10:16; Jr 9:26; Ez 44:9). O verdadeiro judeu era aquele que possuía uma experiência espiritual interior no coração, não apenas uma cirurgia física exterior. Hoje em dia, muita gente comete o mesmo erro com relação ao batismo, à Ceia do Senhor, ou mesmo à participação em uma igreja como membro.

Deus julga de acordo com os "segredos" do coração (Rm 2:16), portanto não se impressiona com meras formalidades exteriores. Um gentio obediente incircunciso era mais aceitável do que um judeu desobediente circuncidado. Na realidade, o judeu desobediente transforma sua circuncisão em incircuncisão aos olhos de Deus, pois Deus vê o coração. Os judeus louvavam uns aos outros por sua obediência à Lei; todavia, o louvor mais importante "não procede dos homens, mas de Deus" (Rm 2:29). Quando nos lembramos de que a designação "judeu" vem de "Judá", que significa "louvor", essa declaração adquire outro significado (Gn 29:35; 49:8).

Resumo final (w. 1-8). As quatro testemunhas de Paulo estavam de acordo: os judeus eram culpados diante do Senhor. Em Romanos 3:1-8, Paulo resume sua argumentação e contesta os judeus que tentam discutir com ele e lhe fazem três perguntas:

(1) "Qual é, pois, a vantagem do judeu?" Resposta: o judeu tem todas as vantagens possíveis, especialmente o fato de possuir a Palavra de Deus.

(2) "A incredulidade dos judeus anulará a fidelidade de Deus?" Resposta: De modo algum - na verdade, comprova a fidelidade divina.
(3) "Se o nosso pecado ressalta a justiça de Deus, como é possível ele nos julgar?" Resposta: Não fazemos o mal para que redunde em algum bem. Deus julga o mundo com justiça.

Autoria: Warren W. Wiersbe
Livro: Comentário Bíblico expositivo Novo Testamento.

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